Recomeço : Do Nascer ao Sol Poente

XX do Verus de 10.000

Uma chegada um tanto calorosa podia-se esperar daqueles 
habitantes que outrora faziam questão de tratar o estrangeiro
 como grande homem. Exatamente o contrário é que foi realizado
 por ordem do rei.
Desta forma Gulkun disse:
- Nobre estrangeiro, se é que possamos lhe chamar assim!
- Por que desconfia de mim? Disse o estrangeiro.
- Enquanto esteve ausente, pude refletir e creio que
 há muitas razões para que você seja o culpado
de toda esta devastação.
- Mas como pude fazer o que o senhor disse, 
se simplesmente estava no mesmo lugar que vocês.
- Não ouse me enganar. Sabemos que teria muitas
 intenções negativas, pois desde o dia que
chegou o senhor bebeu de nossa comida, e conheceu nossa vida.
- Vocês não entendem, não fui eu.
- Meu caro estrangeiro, não serei feito de tolo uma 
segunda vez,  meu povo depende das escolhas que eu mesmo faço.
-Mas...
E o rei chamou o estrangeiro para perto e começou novamente:
- Por que você fugiu tão abruptamente 
do acampamento para a montanha?
- Estava verificando se havia algum perigo pelas redondezas.
- Sabe, não creio que você vai admitir o erro que cometeu.
 Então guardas prendam-no na torre de Imulthar.
-Não vê o que está fazendo?
- Vejo, agora eu posso ver.
E assim os guardas da companhia real escoltaram o estrangeiro para
 os calabouços mais profundos da vila. Por ordem real as pessoas
foram proibidas de entrar na torre, ou de chamar pelo estrangeiro.
- Caros cidadãos, venho hoje até vocês para lhes contar os fatos.
Embora trágicos, sei que foram decisões fortes que tive que tomar
em consideração de todos os que lutam por este vilarejo.
- Aquele que outrora se fez passar por bravo guerreiro
e que tanto nos deu esperança de uma vida melhor
se mostrou o verdadeiro mau que há muito não tínhamos visto.
O estrangeiro nada mais fez do que destruir nossa terra
e nossa dignidade....
Nos olhos dos seres que escutavam somente espanto
 e desentendimento, perplexidade que não os deixara
respirar. Na face do prefeito uma tristeza imensa, que o fez cambalear
para o lado e se despedir do povo sem término no discurso.
E lá no calabouço um ser sem terra, sem família, sem destino,
quase morto jazia, com os inúmeros pensamentos lhe esvaindo a mente até
transformarem-se no profundo nada. Ao que o último reflexo
do sol se pôs nas montanhas já não havia mais um ser iluminado
 de esperança mas uma aura pálida na calada da noite.
De baixo da terra um tremor foi escutado e de repente uma grande
 nuvem de fumaça tomou conta da torre e depois da vila.
Dos olhos dos guardas um espanto imensurável, quando a
 torre de Imulthar encontrou-se destruída aos seus pés.
Do rei uma palavra:
- Estrangeiro!

Continua...

Por Jackob Marley!



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