Recomeço: Escuridão


Dentro da desolada caverna, eis que o estrangeiro encontrou escrituras
nunca antes observadas ou estudadas por qualquer povo desta região.
Como seu antigo povo lhe mostrara em infância, utilizara a seiva
das árvores misturadas com a pigmentação das flores para criar
coloração e registrar os símbolos gravados na rocha.
No longo percurso que fizera pela caverna não deixara de pensar
no que o antigo ser havia dito, e no fim que toda uma geração teve
por causa do progresso. Perguntava-se se seria este o motivo do
povo de Imulthar ter se isolado.
Na realidade, em seu interior apegara-se tanto aquelas humildes
pessoas que preocupava-se com todo este perigo eminente, que agora
dava suas caras novamente. Planejava um novo percurso para mais longe
deste lar harmonioso e reconfortante, na busca do direito e da preservação
da flora.
O escuro tornava tudo mais misterioso no caminho de rochas a sua
frente, na luz daquela tocha e da esplêndida espada que ganhara por honra
dos imultharianos. O vislumbre que sentia em cada passo, como se
já conhecesse o lugar a muito tempo tornava sua sede por mudança
mais forte e corajosa.
Eis que no percurso final de sua saída da montanha, vozes misteriosas
que o estrangeiro nunca havia escutado fechavam um arco poético a
sua volta, repercutindo estrofes coreografadas, quase mágicas
com um poder de encantamento tão grande que não se podia movimentar
um músculo:

Vós que vens de fora
A beleza que aflora
De campos verdes
e seres viventes

Nada que vistes
ou que fizestes
terá relevância
se não venceres a ganância

Salvando seu povo
Terás paz permanente
Trazendo a vitória
Assim será eternamente

Sorte lhe desejamos
Juntamente com vós estamos
Agora e para sempre
Do nascer ao sol poente

Ele entendera cada verso como um apoio da própria montanha
para sua busca. Além disto sentia um pressentimento estranho
como se cada passo que daria daí em diante estaria pré destinado a
seguir o que cada estrofe havia comentado.
Do outro lado da montanha porém, os habitantes desconfiavam
muito daquele que agora consideravam um astuto general.
O rei de Imulthar observando a própria montanha, como
se do nada avistasse a floresta crescer novamente, comentou:
- Muito estranho este ocorrido nestas terras que a muito 
estavam intactas, e justamente com a presença de um 
ser sem nome ou destino.

continua...

Por Jackob Marley!

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